terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Crítica - Os Miseráveis


Dramático, carregado de emoções e com raros momentos de alívio, Os Miseráveis (Les Misérables) é um filme intenso e que exige bastante do expectador em todos os seus 158 minutos.

Adaptado do romance homônimo de Victor Hugo publicado em 1862, Os Miseráveis conta a história de Jean Valjean (Hugh Jackman), que por 19 anos cumpriu pena por roubar um pão e tenta retomar uma vida digna após ser solto. Toda a história se desenvolve ao redor de Valjean, mostrando todas as vidas que são diretamente impactadas por suas ações.

Apesar da premissa ser ótima, o filme sofre com uma inconstância quase insuportável em todos os quesitos. A arte e a fotografia são primorosas em todos os detalhes, contudo muito confusas, ora retratando a época fielmente, ora fantasiando demasiadamente, flertando com o estilo Tim Burton de ser, principalmente no terceiro ato. Realmente não entendi o motivo dessas mudanças visuais tão drásticas.

Aparentemente isso se deve a direção de Tom Hooper, que esteve ótimo em O Discurso do Rei porém não manteve o nível neste filme. A direção confusa se une a um roteiro um tanto quanto arrastado e não muito claro, que apresenta muito bem personagens sem importância a trama e, ao mesmo tempo, mostra outros que possuem uma influência muito maior a história, de forma superficial.   

As composições, com exceção de duas ou três, soam bem estranhas, com letras rasas, sendo que em alguns momentos me pareceram até preguiçosas. Notei que nenhuma canção realmente marcou de forma que eu escute-a daqui um tempo me fazendo lembrar automaticamente deste filme. São composições corretas e metódicas, mas todas sem carisma. E isso em um musical é um problema sério.

Jean Valjean é vivido por Hugh Jackman, que está muitíssimo bem assim como Anne Hathaway, que transpõe toda a dor de Fantine de forma magnífica, com o ponto alto em uma cena que já vale o ingresso (e provavelmente o Oscar a ela). Já Russell Crowe e seu Javert seguem o padrão do filme, inconstantes. Crowe não convence em nenhum momento, mostrando muita dificuldade no canto. Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter não comprometem e são o alívio cômico de toda a emoção do restante do filme. Ressalto a surpresa que tive com Eddie Redmayne e Samantha Barks, respectivamente Marius e Éponine. Ambos ótimos em todas as cenas.

Os Miseráveis tem seu mérito em ser audacioso, já que muitas pessoas têm um preconceito negativo com relação à musicais, porém, apesar de trazer muita emoção consigo, o filme não consegue se manter ótimo do início ao fim.

Nota: 7/10

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