segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Crítica - Django Unchained




Escrito e dirigido por Quentin Tarantino , Django Unchained mostra toda a criatividade e genialidade de seu criador, mesclando na medida certa seu estilo com o de Sergio Leone, presenteando-nos com essa peça impecável da sétima arte.

Django Unchained é uma linda história de amor vivida por escravos negros, onde Django (Jamie Foxx) após ser separado de sua esposa Broomhilda (Kerry Washington) em um leilão de escravos, vê a chance de reencontrar sua amada após se deparar, de maneira bem peculiar, com o dentista alemão caçador de recompensas Dr. King Schultz (Christoph Waltz). Schultz, de alguma forma, enxerga em Django e sua cruzada amorosa, uma forma de agir positivamente na vida de alguém depois de tantos assassinatos lucrativos e o toma como aprendiz, repassando todo o conhecimento que um alemão dentista caçador de recompensas bem-sucedido nos EUA de 1858 pré Guerra Civil pode ter.

Com um roteiro mais do que interessante, Tarantino consegue prender a atenção do expectador do primeiro ao último minuto do filme, criando em seus três atos, ótimas motivações Django e seu tutor. Contudo, o filme poderia ter facilmente 30 minutos a menos, tornando-o mais dinâmico e intenso ainda. Mas isso não interfere no resultado final da obra. Além disso, Tarantino nos oferece a pista para nos dar a recompensa em vários momentos curtos, fazendo com que elas nos preparem, de forma gradativa e genial, aos pontos de virada do filme, refletindo isso até nas roupas utilizadas por Django em suas viagens e em Broomhilda nas suas visões.

Django Unchained não sente pena do expectador, e não quer que o expectador sinta pena dos personagens. Cruel, extremamente forte e corajoso, Django Unchained mostra que Tarantino não perdeu a mão do seu estilo e, ao melhor estilo Pulp Fiction, choca o público com imagens pesadas, insultos preconceituosos e muito mais, com a intenção de, não somente ter nossa curiosidade e sim, nossa a atenção.

Praticamente todos os atores estão impecáveis no filme, porém, Samuel L. Jackson, Leonardo DiCaprio, Jamie Foxx e principalmente Christoph Waltz destoam dos demais, mostrando um nível altíssimo de atuação. Junte isso aos ótimos personagens criados pela insanamente brilhante cabeça de Tarantino e temos a fórmula para um clássico.

A direção de arte e fotografia mantém o nível de todo o restante, retratando muito bem os EUA de 1858, desde a escolha perfeita dos figurinos, locações, com escolhas de luz, sempre atenta aos detalhes e utilizando, até como uma forma de homenagear os westerns, planos conjuntos e americanos magistralmente unindo-os com uma trilha sonora e uma edição de som incríveis, merecedores da indicação ao Oscar.

Tratando a escravidão de forma aberta e, em vários momentos, agressiva ao extremo, em Django Unchained, Tarantino só vem confirmar que realmente está entre os grandes cineastas de nossa época, conseguindo impor de forma magnífica em um faroeste,sua visão ensanguentada e cruel do mundo para nos contar uma das mais belas e dolorosas histórias de amor do cinema.

Nota: 9/10

2 comentários:

  1. Excelente texto Felipe. Parabéns!
    Também adorei o filme. Tarantino sabe como ninguém pegar um gênero antigo como o Western e modernizar com a cara dele. Você começa a assistir e logo percebe que é Tarantino. Ele é inconfundível.

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    Respostas
    1. Opa! Valeu cara.

      Tarantino está fácil no TOP 3 de cineastas da atualidade. E Django é a prova clara disso.

      São poucos os que mantém o nivel que o Tarantino vem mantendo nos últimos trabalhos.

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