Tim Burton mantém em Sombras da Noite seu estilo peculiar de
retratar temas sombrios de forma caricaturesca, dando prosseguimento com sua
parceria com Johnny Depp, iniciada em Edward, Mãos de Tesoura, e retomada
contundentemente com A Fantástica Fábrica de Chocolates.
Em Sombras da Noite, a direção de arte é bastante competente,
retratando muito bem a dualidade entre os personagens Barnabas Collins (Johnny Depp)
e Angelique Bouchard (Eva Green), e de suas épocas com os anos 70. Apesar de,
em alguns momentos parecer preguiçosa, como ao exagerar de forma confusa nas
cores azul, vermelho e branco e na maquiagem de Depp, a fotografia cumpre seu papel.
Porém, após poucos minutos, vemos que, apesar de todo o
trabalho de arte, o roteiro (escrito pelo instável John August e o inexperiente
Seth Grahame-Smith) é fraquíssimo, com motivações pobres que não se sustentam.
Com isso, acabamos não nos importamos realmente com nenhum personagem, fazendo
com que o segundo ato, todo baseado na reestruturação familiar dos Collins,
seja maçante e arrastado, bem chato mesmo.
O filme, infelizmente acaba se resumindo em fazer piadas (a
maioria sem graça) utilizando a confusão de Barnabas Collins que, após ficar
quase dois séculos trancafiado em um caixão, acorda em 1972, em um mundo
totalmente diferente daquele vivido no final do século 18.
Por se prolongar demais no segundo ato, as histórias se
resolvem rápido demais no terceiro, com resoluções superficiais deixando muitas
pontas soltas e fazendo com que o público fique bem confuso com tantas coisas
acontecendo juntas em tão pouco espaço de tempo.
Tim Burton chega ao absurdo de
“sumir” com uma personagem por um tempo pelo fato de simplesmente não saber o
que fazer com ela.
Apesar das ótimas atuações de Johnny Depp e Michelle
Pfeiffer como Elizabeth Collins, e dos subaproveitados Jackie Earle Haley e Chloë Grace Moretz, Sombras da Noite mostra que, de nada adianta
ter ótimos atores e diretores se o roteiro é ruim e principalmente, escrito de forma preguiçosa, apostando na superficialidade dos espectadores.
Tim Burton deveria analisar mais seriamente os roteiros dos
seus próximos filmes.
Nota: 3